[A António Ramos Rosa e ao seu paraíso*]
guardo-lhe as palavras que permanecerão sempre vivas, que me inspiraram os espaços barulhentos dos silêncios e as angústias inocentes da juventude
e só agora consigo perceber que o mundo perfeito não é o paraíso.
Escuto na palavra a festa do silêncio
Tudo está no seu sítio
As aparências apagaram-se
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas
é o vazio ou o cimo? é um pomar de espuma
(...)
Nada é inacessível no silêncio ou no poema
é aqui a abóboda transparente, o vento principia
No centro do dia há uma fonte de água clara,
Se digo árvore, a árvore em mim respira.
Vivo na delicia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa in "Volante Verde" - excerto do poema A festa do silêncio
Tudo está no seu sítio
As aparências apagaram-se
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas
é o vazio ou o cimo? é um pomar de espuma
(...)
Nada é inacessível no silêncio ou no poema
é aqui a abóboda transparente, o vento principia
No centro do dia há uma fonte de água clara,
Se digo árvore, a árvore em mim respira.
Vivo na delicia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa in "Volante Verde" - excerto do poema A festa do silêncio
*" O paraíso não existe como uma realidade que se manifesta temporalmente, como a duração; o paraíso talvez tenha existido mas este é um momento, nós temos a virtualidade do paraíso e esta virtualidade pode tornar-se real em determinados momentos. Por exemplo os escritores franceses falam muito em instante total; quer dizer, o paraíso seria o momento em que a pessoa sentiria uma sensação absoluta, total, de bem-estar, maravilhosa. E esses momentos apesar de serem improváveis são possíveis". ARR
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